terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade na berlinda


Flávia Milhorance - O Globo


WASHINGTON - Depois de 50 anos liderando a luta para legitimar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Keith Conners, um dos maiores especialistas no tema, poderia estar comemorando que crianças - antes rotuladas de dispersivas e problemáticas - hoje estão recebendo tratamento. Mas, segundo reportagem publicada no “New York Times”, num congresso em Washington, Conners apresentou dados que considerou desastrosos: 15% das crianças americanas têm TDAH e as que estão sob medicação somam 3,5 milhões, contra 600 mil em 1990. O professor da Universidade de Duke é mais um pesquisador que passou a questionar se não há um excesso de diagnóstico e prescrição de remédios para o transtorno, num debate que, por enquanto, está longe de ter consenso.
- É um desastre nacional de perigosas proporções - afirmou o cientista ao “New York Times”. - Os números (do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, CDC) poderiam indicar uma epidemia. Mas não é. É um absurdo. Esta é uma invenção para justificar a prescrição de medicamentos em níveis injustificáveis e sem precedentes.
O distúrbio é o segundo mais frequente entre crianças, perdendo apenas para asma, de acordo com o CDC. E a venda de estimulantes no país em 2012 se aproximou dos US$ 9 bilhões, mais de cinco vezes o montante de uma década atrás (US$ 1,7 bilhão).
Pouco antes de morrer este ano, Leon Eisenberg, um dos papas da psiquiatria infantil, engrossou este coro ao afirmar que o TDAH era uma doença fabricada, ressaltando que, em vez de prescrever pílulas, psiquiatras deveriam avaliar as razões psicossociais que poderiam levar a problemas de comportamento das crianças. Isto é o que também defende a professora Pediatria da Unicamp, Maria Aparecida Moysés.
- Existe uma discussão da própria medicina sobre se isto é realmente uma doença. Existem comportamentos de hiperatividade e etc, mas não há comprovação de que seja uma doença. Pode ser a expressão de problemas em algumas crianças sim, mas elas podem ser normais, sendo agitadas. Não dá para padronizar todas.
Maria Aparecida ainda critica o aumento do uso de estimulantes e cita dados do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, mostrando que, em 2000, foram vendidas 71 mil caixas dos psicotrópicos no Brasil; em 2009, foram dois milhões.
Cerca de 5% de crianças teriam TDAH
Enquanto isto, estimativas internacionais apontam para 5% das crianças e 2,5% dos adultos com o transtorno. No Brasil, segundo alguns especialistas, o caso é o oposto do dos Estados Unidos. Aqui, apenas cerca de 20% dos indivíduos com TDAH são medicados, aponta um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria (RBP).
- De fato, há um aumento da venda de remédios. Mas a maioria dos pacientes ainda não está sendo adequadamente tratada - comentou o professor de Medicina da UFRJ Paulo Mattos, que assina o estudo da RBP. - E sempre que o conhecimento avança sobre um transtorno, aumenta naturalmente o diagnóstico e o tratamento.
Nem todos os pacientes com TDAH precisam de medicamento. Além disso, 30% dos indivíduos não reagem ao estimulantes e precisam de outras drogas. Há um total de 18 sintomas para identificar o TDAH. Embora seja prevalente entre crianças, ele pode ocorrer em qualquer idade.
Este ano, inclusive, o novo “Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM 5), que orienta profissionais de todo o mundo, foi modificado para enfatizar que o transtorno ocorre também na vida adulta. Isto, segundo críticos, poderia elevar ainda mais o número de casos, mas esta não é a opinião do chefe da Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio, Fábio Barbirato:
- O último DSM é dos anos 80, quando não havia critérios específicos. Naquela década, íamos ao exterior aprender a fazer o diagnóstico. Hoje temos muito mais gente treinada - rebate Barbirato, que também defende o uso de medicamentos e a melhora do diagnóstico. - Nenhum psiquiatra gosta de medicalização. Ela ocorre por profissionais mal treinados, que indicam estimulantes para provas de vestibular, não aplicam questionário, não fazem avaliação do paciente.
Patricia Musasci tem 42 anos e conta ter abandonado a escola, passado por cinco casamentos e três falências até iniciar, há dois anos, o tratamento de TDAH, com medicamento e terapia cognitivo-comportamental:
- Fazia prova, mas não lembrava do tema, começava a ler alguma coisa e não chegava ao final, ouvia dos colegas que “estava sempre no mundo da lua”. Não é fácil, tenho sempre que fazer um esforço maior do que a maioria, mas consegui terminar o colégio e passei no vestibular de psicologia.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Assedio Moral e Sexual

Crime de assédio moral no trabalho pode gerar até dois anos de reclusão

Exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongas durante a jornada de trabalho. Assim é definido o assédio moral, do qual muitos trabalhadores são vítimas. Tão antigo quanto trabalhar, mas pouco discutido, o ‘tema’ só ganhou uma repercussão maior após ter sido explorado pela mídia. Os tipo de explorações mais comuns vem das escalas hierarquias autoritárias e assimétricas, onde predominam condutas negativas, relações desumanas e sem ética de longa duração, de um ou mais chefes, dirigidas aos subordinados. Desta forma, a vítima fica desestabilizada em sua relação com o ambiente de trabalho e a organização do mesmo, sendo forçada a desistir do emprego. Mesmo sem ser um fenômeno novo, o assédioou violência moral trazem novidades no que diz respeito a intensificação, gravidade, amplitude e banalização, além da abordagem. Conforme explica o advogado trabalhista Matheus Barreto, atuante em Poços de Caldas e na região sul mineira, o assédio moral no emprego caracteriza-se, especialmente, pela degradação deliberada das condições de trabalho. “É quando prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização”, explica. E advogado relata ainda que a vítima escolha é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. “Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima”, destaca.

Danos à saúde mental e física
Para Cássia Pedroso, 24 anos, estudante de psicologia e estagiária, atendente numa clínica, de pessoas sem auto-estima em razão do trabalho, a humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador, causando danos até mesmo irreversíveis. “A agressão moral interfere na vida destas pessoas de forma direta. Pelo que observo, compromete a identidade, a dignidade e as relações afetivas e sociais, ocasionado graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade de trabalhar, desemprego ou em último caso, a morte, por depressão, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho”, comenta a estudante. As pessoas vítimas de assédio moral passam a conviver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivos, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de suicídios que configuram um cotidiano sofrido. É este sofrimento imposto nas relações de trabalho que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas é viver uma vida que não desejam, não escolheram e não suportam. De acordo com um levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com diversos países desenvolvidos, a pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental, relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. Este levantamento revela ainda perspectivas sombrias para as duas próximas décadas, pois, segundo a OIT e a Organização Mundial da Saúde (OMS), estas serão as décadas do ‘mal estar na globalização’, onde predominará a depressão, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho. Segundo relato de Rosana L.* (nome alterado), que foi vítima de assédio moral quando trabalhava numa loja de roupas no centro da cidade, foi forçada a pedir demissão do emprego, frente as humilhações, ridicularizações e escassez de recursos para trabalhar, oferecidos pelo ex-patrão. “Eu era impedida de me expressar e não sabia o porque, além de ser frequentemente ridicularizada na frente dos outros ‘colegas’ de trabalho. Sem falar que estes mesmo ‘colegas’ tentavam me culpar por coisas que eu não havia feito, gerando ainda mais comentários de que eu era incapaz de exercer minha função. Com isso, fiquei desestabilizada emocionalmente. Perdi a confiança que tinha em mim mesma, adquiri uma úlcera e fui me isolando inclusive da minha família e dos meus amigos. Entrei em depressão e pedi minha demissão”, conta. Ela diz ainda que está tentando se estabilizar e ter uma vida normal. Rosana procura um emprego como vendedora ou balconista em lojas e espera conseguir superar o trauma, uma vez que tem feito tratamento e acompanhamento psicológico.
A Lei
O artigo 136-A do novo Código Penal Brasileiro institui que assédio moral no trabalho é crime, com base no decreto - lei n° 4.742, de 2001. O Congresso Nacional então decreta, no artigo 1° - O decreto lei n° 2.848, de 07 de dezembro de 1940, que no artigo 136- A, depreciar, de qualquer forma, e reiteradamente, a imagem ou o desempenho de servidor público ou empregado, em razão de subordinação hierárquica funcional ou laboral, sem justa causa, ou trata-lo com rigor excessivo, colocando em risco ou afetando sua saúde física ou psíquica pode acarretar uma pena de um a dois anos de reclusão. Ainda no mesmo artigo consta que desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras, gestos ou atitudes, a auto-estima, a segurança ou a imagem do servidor público ou empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral pode causar a detenção de três meses a um ano e multa.
Formas de assédio e abuso moral
De acordo com a lei, amedrontar um funcionário com ameaças de demissão podem ser caracterizadas como assédio moral. Outras atitudes como desestabilizar emocionalmente o trabalhador ou dar ordens confusas e contraditórias, sobrecarregar de trabalho ou impedir a continuidade de um, negando informações também podem ser consideradas atitudes de assédiomoral. Além disso, desmoralizar publicamente, afirmando que está errado, rir a distância e em pequeno grupo, conversar baixinho, suspirar e executar gestos direcionando-os ao trabalhador também acarretam punição de lei a empresa. Ignorar a presença do trabalhador, não cumprimentar ou impedi-lo de almoçar, além e exigir que se faça horários fora da jornada, ser trocado de turno sem ter sido avisado ou ser mandado executar tarefas acima ou abaixo do conhecimento geram danos ao trabalhador e são considerados tipos deassédio moral. Hostilizar, não promover ou premiar colega mais novo/a e recém-chegado/a à empresa e com menos experiência, como forma de desqualificar o trabalho realizado, espalhar entre os colegas que o/a trabalhador/a está com problemas nervoso, sugerir que peça demissão, por sua saúde e divulgar boatos sobre sua moral também são formas de abuso. É comum também que as empresas, grandes ou pequenas, tomem atitudes como estimular a competitividade e individualismo, discriminando por sexo: cursos de aperfeiçoamento e promoção realizado preferencialmente para os homens, discriminar salários entre funcionários que exercem a mesma função ou remunerar melhor um funcionário com função inferior, além de não seguir a regulamentação e o piso salarial de cada profissão, estabelecida pelo Ministério do Trabalho pode acarretar processos à empresa e penas de reclusão. Comum, o desvio de função como: mandar limpar banheiro, fazer cafezinho, limpar posto de trabalho, pintar casa de chefe nos finais de semana é caracterizado como crime. Considerado ainda um tipo de assédio e abusomoral grave, é não fornecer ou retirar do funcionário todos os instrumentos de trabalho, impedindo-o de realizar, conforme determina a empresa, a sua função. Demitir os adoecidos ou acidentados do trabalho também é bastante grave e configura abuso.
O que fazer?!
Especialistas sugerem que as vítimas de assédio moral devem anotar, com detalhes toda as humilhações sofrida (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário). Uma outra sugestão é que estes busquem a ajuda dos colegas, principalmente os que testemunharam o fato ou já sofreram humilhações do agressor. “Sugiro também que evitem conversar com o agressor sem testemunhas. Quando for necessário uma conversa, levar sempre um colega de trabalho ou representante sindical. Também exigir, por escrito, explicação do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao departamento pessoal ou Recursos Humanos e da eventual resposta do agressor”, sugere a estudante de psicologia, Cássia. Procurar o sindicato e relatar o acontecido para diretores e outras instâncias como : médicos ou advogados do sindicato assim como: Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina por ser um caminho, ou ainda recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo. “Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania”, finaliza a estudante.

Assédio moral ou sexual
A violência moral e a sexual no ambiente do trabalho não são um fenômeno novo. As leis que tratam do assunto ajudaram a atenuar a existência do problema, mas não o resolveram de todo. Há a necessidade de conscientização da vítima e do agressor(a), bem como a identificação das ações e atitudes, de modo a serem adotadas posturas que resgatem o respeito e a dignidade, criando um ambiente de trabalho gratificante e propício a gerar produtividade.
Assédio sexual
A abordagem, não desejada pelo outro, com intenção sexual ou insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de subalternos ou dependentes. Para sua perfeita caracterização, o constrangimento deve ser causado por quem se prevaleça de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. Assédio Sexual é crime (art. 216-A, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 10.224, de 15 de maio de 1991).
Assédio moral
É toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.
As condutas mais comuns, dentre outras, são:
·         instruções confusas e imprecisas ao(à) trabalhador(a);
·         dificultar o trabalho;
·         atribuir erros imaginários ao(à) trabalhador(a);
·         exigir, sem necessidade, trabalhos urgentes;
·         sobrecarga de tarefas;
·         ignorar a presença do(a) trabalhador(a), ou não cumprimentá- lo(a) ou, ainda, não lhe dirigir a palavra na frente dos outros, deliberadamente;
·         fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto ao(à) trabalhador(a) em público;
·         impor horários injustificados;
·         retirar-lhe, injustificadamente, os instrumentos de trabalho;
·         agressão física ou verbal, quando estão sós o(a) assediador(a) e a vítima;
·         revista vexatória;
·         restrição ao uso de sanitários;
·         ameaças;
·         insultos;
·         isolamento.


Segunda-feira 2 de junho de 2008, por Jéssica Balbino

terça-feira, 27 de março de 2012

DESOBEDIÊNCIA PODE SER DOENÇA


Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) atinge crianças entre 7 e 10 anos, caracteriza-se pelo comportamento hostil, mas é tratável.
Brigas sem motivos, impaciência e hostilidades foram os fatores que levaram a família de A.V.S, 10 anos, a procurarem ajuda medica. A ausência de limites e a desobediência eram vistas por professores e familiares como falta de educação, mas o comportamento na verdade, apresentava os sintomas de uma doença.
O menino em questão, tem o mal conhecido como Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), que se não tratado durante a infância pode trazer sérios problemas na fase adulta. A maioria dos casos é detectada na faixa entre 7 e 10 anos e tem maior incidência entre meninos. O tratamento é feito a base de remédios e acompanhamento psicológico. A irmã de A. de 22 anos comemora a mudança no comportamento dele após o início do tratamento. “Ele sempre teve tudo o que queria, mas achava que podia mandar em todos aqui em casa. Depois dos remédios, ele ficou mais calmo e , através do acompanhamento profissional, aprendemos a cuidar dele”, conta a jovem.
VITIMA NORMALMENTE SOFRE DE PROBLEMAS ASSOCIADOS
Além do TDO, o menino sofre de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O medico responsável que cuida da criança, Gustavo Teixeira, do setor de neuropsiquiatria infanto-juvenil da santa Casa, explica que a maioria dos pacientes com TDO também padece de outros transtornos.
O problema e mais comum do que se imagina. “O percentual é grande. De 2% A 16% das crianças em idade escolar tem a doença”, destaca o médico que é especialista em transtornos de comportamento na infância e na adolescência e publicou um livro sobre o tema.
 Perfil dos ”Anjinhos”:
75% das crianças com o problema têm transtornos de conduta na adolescência.
De 2% a !6% das crianças em idade escolar sofrem de TDO , que normalmente se manifesta a partir dos 7 anos.
De 20% a 40% das crianças vitima de TDO têm também Hiperatividade com Déficit  de Atenção.  
“A maioria das pessoas não imagina que existe uma doença com essas características e acha que seu filho é ”pavio curto” e desobediente. Precisamos de um trabalho de prevenção, pois se não tratado corretamente o adolescente pode desenvolver um transtorno de conduta, que o leva a roubos, agressividade sem motivos e até uso de drogas”, explica.
DESEMPENHO NA ESCOLA É REVELADOR
Um símbolo clássico do TDO é o comportamento da criança na escola. A mãe do adolescente Jonas Aquino Ximenes, hoje com 16 anos sofreu com a adaptação do seu filho no colégio.  Ele está cursando a 5ª serie pela 3ª vez e foi transferido de colégio porque os professores não entendem seu problema. O pai do adolescente está morando no Ceará e Jonas foi passar um tempo com ele, para se distanciar do Rio de Janeiro.
Djalma Guilherme Bauer, de 10 anos, também tem problemas na escola. Sua mãe Sonia, foi chamada diversas vezes no colégio em que o menino estuda. “como ele tem dificuldade para ficar quieto, a professora o isolou num canto da sala. Ele não consegue fazer amigos”, disse.
Dona Ivonete, também sofreu com o transtorno do filho de 10 anos, Márcio, mas, hoje afirma não se incomodar mais com a doença, que, segundo ela, está controlada. Dona Ivonete afirma: “Sinto que fui abençoada”. Antes de descobrir a doença do meu filho, estava desesperada. Através de um programa de televisão entendi o comportamento incomum de Márcio. Os professores entenderam o problema e, com a medicação, ele melhorou 100%. Eu aprendi tanto com isso que mães de meninos com sinais do transtorno na minha comunidade vêm me pedir ajuda.
SINAIS DO PROBLEMA
                   NA ESCOLA                                            EM CASA              

-Discute com professores.                                                  
- Não quer trabalhar em grupo e não aceita ordens.
- Não faz os deveres escolares.
- Desafia autoridade de professores e coordenadores.
- Quer tudo a seu modo.
- É o “pavio curto” ou o “esquentado da turma”.
- Responsabiliza os outros por seu comportamento hostil.
- Não aceita criticas.
- Perturba outros alunos.


- Responde agressivamente aos pais e parentes.
- Dificuldades de obedecer a regras.
- Mania de Discutir sem razão aparente.
- É debochado e implicante.
- Chora e se irrita quando é contrariado.
- Delega ordens e é cheio de vontades.
- Tem comportamento negativista e hostil.


DICAS PARA OS PAIS
- dedique um tempo a seu filho diariamente.
- Converse com ele e realize atividades esportivas.
- Esportes coletivos auxiliam na socialização e na formação de conceitos com respeito a disciplinas.
- Explique claramente as regras, instruções e consequências de seus atos.
- propunha recompensas se a criança merecê-las.
- Evite punições físicas. Bater nas crianças reforçara comportamentos agressivos com colegas.
- Retire vantagens em caso de mau comportamento.
- Comunique-se com professores e coordenadores sempre que necessário.
- Elogie atitudes positivas.
- Realize passeios com a família (a integração familiar é fundamental).

Fonte: Caderno Ciência e Saúde , Jornal “O Dia” 26/05/2006

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Arenga aos Magistrados que estreiam.

 (Trecho do polêmico discurso do Juiz francês Oswald Baudot na cerimônia de investidura dos novos magistrados franceses):
"Estais empossados e advertidos. Permiti-me que também vos fale, a fim de corrigir algumas coisas que vos foram ditas e de fazer-vos ouvir algumas coisas inéditas. Ao entrar na Magistratura vos tornastes funcionários de um escalão modesto. Não levanteis muito alto a cabeça. Não vos deixeis enganar por palavras como "terceiro poder", "poder do Povo", guardiãs das liberdades públicas". Não tendes senão um poder medíocre: o de meter as pessoas na cadeia. E só vos dão este poder porque ele é geralmente inofensivo. Quando condenardes há cinco anos de prisão um ladrão de bicicletas, não estareis molestando a ninguém. Evitai abusar desse poder. Não penseis ser mais considerado por ser mais terríveis. Não julgueis que ides, como novos São Jorge, vencer o dragão da delinquência por uma repressão impiedosa. Se a repressão fosse uma coisa eficaz, há muito tempo teria alcançado seus objetivos. Se ela é inútil, como creio, não penseis em fazer carreira à custa da cabeça dos outros. Não conteis a prisão por anos ou meses, mas por minutos e segundos, exatamente como se tivésseis vós mesmos de sofrê-la.
"É verdade que entrais numa profissão em que vos exige sempre que tenhais caráter, mas entendem por isto apenas que sejais inclementes com os miseráveis. Covardes diante dos superiores, intransigentes com os subalternos este é, em geral, o comportamento dos homens. Tratai de evitar isso. A justiça é aplicada impunemente. Não abuseis da impunidade. Em vossas funções, não deveis dar exagerada importância à Lei, e de um modo geral desprezai os costumes, as circulares, os decretos e a jurisprudência. Deveis ser mais do que o Tribunal de Justiça, sempre que se apresentar uma ocasião. A Justiça não é uma verdade estagnada em 1810. É uma criação perpétua. Ela deve ser feita por vós. Não espereis o sinal verde de um ministro, ou do legislador, ou das reformas sempre em expectativa. Fazei vós mesmos a reforma. Consultai o bom senso, a equidade, o amor do próximo, antes da autoridade e da tradição. A lei se interpreta. Ela dirá o que quiserdes que ela diga. Sem mudar um til, pode-se com os mais sólidos considerandos do mundo, dar razão a uma parte ou a outra, absolver ou condenar à pena máxima.Desse modo que a lei não vos sirva de álibi.
"Verificareis, aliás, que à revelia dos princípios estabelecidos, a Justiça aplica extensivamente as leis repressivas e restritivamente as leis liberais. Procedei de modo contrário. Respeitai as regras do jogo quando ela vos freia. Sede bons jogadores, sede generosos. Será uma novidade. Não vos contenteis de cumprir os deveres do ofício. Vereis desde logo que, para ser um pouco úteis, devereis abandonar os caminhos batidos. Tudo o que fizerdes de bom será um acréscimo. Gosteis ou não, tendes um papel social a desempenhar. Sois assistentes sociais. Vossa decisão não termina numa folha de papel.Corta na carne viva. Não fecheis vossos corações ao sofrimento nem vossos ouvidos ao clamor. Não sejais desses juízes menores que só querem tratar de processos pequenos. Não sejais árbitros indiferentes acima de tudo e de todos. Tende sempre a porta aberta a todos. Há trabalhos mais úteis do que o de caçar essa borboleta - a verdade - ou de cultivar essa orquídea - a ciência jurídica.
"Não sejais vítimas de vossos preconceitos de classe , religiosos, políticos ou morais. Não penseis que a sociedade seja intangível, a desigualdade e a injustiça inevitáveis e a razão e a vontade humanas incapazes de qualquer mudança. Não acrediteis que um homem seja culpado de ser o que é nem que ele dependa apenas de si mesmo para ser de outra forma. Em outras palavras - não o julgueis. Não condeneis o ébrio. O alcoolismo, que a medicina não sabe curar não é uma escusa legal, mas é uma atenuante. Por serdes instruídos não desprezeis o iletrado. Não apedrejeis a preguiça, vós que não trabalhais com as mãos. Sede indulgentes para com os demais seres humanos. Não aumenteis suas aflições. Não sejais dos que aumentam a aflição do aflito.
"Sede parciais. Para manter a balança entre o forte e o fraco, o rico e o pobre, que não têm o mesmo peso, é preciso que calqueis a mão do lado mais fraco da balança. Essa é a tradição capetiana. Examinai sempre onde estão o forte e o fraco que não se confundem necessariamente com o delinqüente e sua vítima. Tende um preconceito favorável pela mulher contra o marido, pelo filho contra o pai, pelo devedor contra o credor, pelo operário contra o patrão, pelo vitimado contra companhia de seguros, pelo enfermo contra a Previdência Social, pelo ladrão contra a polícia, pelo pleiteante contra a Justiça. E tende um último mérito: perdoai este sermão da montanha a vosso colega dedicado."

Fonte:
Inserto em artigo publicado pelo jornalista Mello Mourão no jornal "Folha de São Paulo" de 7/3/1979.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pratos

Por mais chato que seja lavar pratos, se você demorar a lavar ficará mais dificil ainda. Quanto mais tempo você  deixar os pratos esperando, mais dificil será lavá-los. A vida é assim. Uma coisa que é potencialmente fácil de corrigir logo depois que aconteceu (uma palavra indelicada que você tenha dito a seu pai, uma mentira que você tenha contado a um amigo, uma atitude incensível com sua namorada) pode se tornar uma complicação bem difícil de resolver se você não lidar com ela de imediato. É melhor lavar logo os pratos. O que você tem tentado varrer  para debaixo do tapete? Quais os assuntos não resolvidos que você preferiu deixar para depois, mas que, no fundo, sabe que é melhor enfrentar logo? Mãos á obra. Saia da inércia e lave os pratos. Melhor fazer agora do que  postergar.

SHMUEL LEMLE

terça-feira, 19 de julho de 2011

A ajuda em doses certas

O mestre encarregou o discípulo cuidar do campo de arroz. No primeiro ano, o discípulo vigiava para que nunca  faltassse a água necessária. o  arroz  cresceu e a colheita foi boa. No segundo ano, ele acrescentou um pouco de fertilizante. O arroz  cresceu rapidamente e a colheita foi maior. No terceiro ano, ele botou mais fertilizante. A colheita foi maior ainda mais o arroz  nasceu pequeno. " Se continuar aumentando a quantidade, não terá nada de valor no ano que vem", disse o mestre. " Você fortalece alguem quando ajuda um pouco. Mas o enfraquece se ajuda muito."

Jornal  Extra RJ 19/07/2011

domingo, 17 de julho de 2011

O sapo surdo

                                
 Todos os anos, na floresta das águas, havia uma grande festa sempre quando chegava o inverno.

Todos iam para uma lagoa e lá faziam diversas competições.

Então veio a surpresa.

Quando todos os animais estavam presentes, perceberam no centro da lagoa uma enorme construção coberta. Então várias folhas foram puxadas e apareceu no meio da lagoa uma grande torre.

A multidão de animais aplaudiu.

Era a competição da subida dos sapos, uma novidade naquele ano. O primeiro sapo a chegar ao alto da grande torre seria o sapo vencedor.

Muitos sapos pularam na água, cem, duzentos, trezentos. Então começaram a saltar na torre para escalá-la.

Mas a torre era alta e lisa e a maioria dos sapos começaram a cansar e desistir.

A multidão que não queria nenhum vencedor passou a gritar :

- Vai cair, vai cair, vai cair !

E caíam de dez a vinte sapos de vez. A multidão ria.

E o tempo ia passando. Agora, a multidão gritava alegre fazendo espetáculo, bastava ver um sapo se destacar na subida e o coro ficava mais alto.

- Cai, cai, cai - e lá iam os sapos caírem. Muitos sapos cansados já nadavam para as margens e saíam da lagoa.

A multidão ainda gritava para os poucos que restavam, então um dos sapos começou a se aproximar do cume da alta torre.

A multidão percebeu e começou a gritar ainda mais alto:

- Vai cair, vai cair, vai cair !

Finalmente, o sapo chegou ao cume e se tornou campeão.
Raivosa e cheia de inveja daquela façanha, a multidão quis saber o mistério do campeão. A resposta foi dada por seu primo que disse a uma garça repórter: ele é forte, só tem um defeito, é surdo.

(Acredite em si, lute, a inveja e o negativismo alheio são nossos piores inimigos)


Bérgson Frota
(Escritor)