terça-feira, 27 de março de 2012

DESOBEDIÊNCIA PODE SER DOENÇA


Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) atinge crianças entre 7 e 10 anos, caracteriza-se pelo comportamento hostil, mas é tratável.
Brigas sem motivos, impaciência e hostilidades foram os fatores que levaram a família de A.V.S, 10 anos, a procurarem ajuda medica. A ausência de limites e a desobediência eram vistas por professores e familiares como falta de educação, mas o comportamento na verdade, apresentava os sintomas de uma doença.
O menino em questão, tem o mal conhecido como Transtorno Desafiador Opositivo (TDO), que se não tratado durante a infância pode trazer sérios problemas na fase adulta. A maioria dos casos é detectada na faixa entre 7 e 10 anos e tem maior incidência entre meninos. O tratamento é feito a base de remédios e acompanhamento psicológico. A irmã de A. de 22 anos comemora a mudança no comportamento dele após o início do tratamento. “Ele sempre teve tudo o que queria, mas achava que podia mandar em todos aqui em casa. Depois dos remédios, ele ficou mais calmo e , através do acompanhamento profissional, aprendemos a cuidar dele”, conta a jovem.
VITIMA NORMALMENTE SOFRE DE PROBLEMAS ASSOCIADOS
Além do TDO, o menino sofre de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O medico responsável que cuida da criança, Gustavo Teixeira, do setor de neuropsiquiatria infanto-juvenil da santa Casa, explica que a maioria dos pacientes com TDO também padece de outros transtornos.
O problema e mais comum do que se imagina. “O percentual é grande. De 2% A 16% das crianças em idade escolar tem a doença”, destaca o médico que é especialista em transtornos de comportamento na infância e na adolescência e publicou um livro sobre o tema.
 Perfil dos ”Anjinhos”:
75% das crianças com o problema têm transtornos de conduta na adolescência.
De 2% a !6% das crianças em idade escolar sofrem de TDO , que normalmente se manifesta a partir dos 7 anos.
De 20% a 40% das crianças vitima de TDO têm também Hiperatividade com Déficit  de Atenção.  
“A maioria das pessoas não imagina que existe uma doença com essas características e acha que seu filho é ”pavio curto” e desobediente. Precisamos de um trabalho de prevenção, pois se não tratado corretamente o adolescente pode desenvolver um transtorno de conduta, que o leva a roubos, agressividade sem motivos e até uso de drogas”, explica.
DESEMPENHO NA ESCOLA É REVELADOR
Um símbolo clássico do TDO é o comportamento da criança na escola. A mãe do adolescente Jonas Aquino Ximenes, hoje com 16 anos sofreu com a adaptação do seu filho no colégio.  Ele está cursando a 5ª serie pela 3ª vez e foi transferido de colégio porque os professores não entendem seu problema. O pai do adolescente está morando no Ceará e Jonas foi passar um tempo com ele, para se distanciar do Rio de Janeiro.
Djalma Guilherme Bauer, de 10 anos, também tem problemas na escola. Sua mãe Sonia, foi chamada diversas vezes no colégio em que o menino estuda. “como ele tem dificuldade para ficar quieto, a professora o isolou num canto da sala. Ele não consegue fazer amigos”, disse.
Dona Ivonete, também sofreu com o transtorno do filho de 10 anos, Márcio, mas, hoje afirma não se incomodar mais com a doença, que, segundo ela, está controlada. Dona Ivonete afirma: “Sinto que fui abençoada”. Antes de descobrir a doença do meu filho, estava desesperada. Através de um programa de televisão entendi o comportamento incomum de Márcio. Os professores entenderam o problema e, com a medicação, ele melhorou 100%. Eu aprendi tanto com isso que mães de meninos com sinais do transtorno na minha comunidade vêm me pedir ajuda.
SINAIS DO PROBLEMA
                   NA ESCOLA                                            EM CASA              

-Discute com professores.                                                  
- Não quer trabalhar em grupo e não aceita ordens.
- Não faz os deveres escolares.
- Desafia autoridade de professores e coordenadores.
- Quer tudo a seu modo.
- É o “pavio curto” ou o “esquentado da turma”.
- Responsabiliza os outros por seu comportamento hostil.
- Não aceita criticas.
- Perturba outros alunos.


- Responde agressivamente aos pais e parentes.
- Dificuldades de obedecer a regras.
- Mania de Discutir sem razão aparente.
- É debochado e implicante.
- Chora e se irrita quando é contrariado.
- Delega ordens e é cheio de vontades.
- Tem comportamento negativista e hostil.


DICAS PARA OS PAIS
- dedique um tempo a seu filho diariamente.
- Converse com ele e realize atividades esportivas.
- Esportes coletivos auxiliam na socialização e na formação de conceitos com respeito a disciplinas.
- Explique claramente as regras, instruções e consequências de seus atos.
- propunha recompensas se a criança merecê-las.
- Evite punições físicas. Bater nas crianças reforçara comportamentos agressivos com colegas.
- Retire vantagens em caso de mau comportamento.
- Comunique-se com professores e coordenadores sempre que necessário.
- Elogie atitudes positivas.
- Realize passeios com a família (a integração familiar é fundamental).

Fonte: Caderno Ciência e Saúde , Jornal “O Dia” 26/05/2006